Romance
Contemporâneo
Características
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Tom mais coloquial
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Aproximação entre o escritor e o leitor
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Força de expressão
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Vocabulário simplificado
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Presença da cena urbana
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O romance se volta para a social
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Humor
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Retrata o cotidiano
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Parecença fiel da realidade
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Olhos e ouvidos da sociedade reprimida
Principais representantes desse período
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Antônio Callado
Antônio Callado, apesar de formado em Direito
(1939), nunca exerceu atividade
na área jurídica. Militou na imprensa diária no período entre 1937 a 1941, nos jornais cariocas O Globo e Correio da Manhã.1 Em 1941, em plena Segunda Guerra
Mundial,
transfere-se para Londres onde trabalhou para aBBC até 1947. Depois da libertação de Paris, trabalhou no serviço brasileiro da Radiodiffusion française.
Na Europa descobre "sua tremenda fome de
Brasil". Lê incansavelmente literatura brasileira e alimenta o desejo
de, ao voltar, conhecer o interior do país. Na volta, satisfaz esse desejo ao
fazer grandes reportagens pelo Nordeste, pelo Xingu, sobre Francisco Julião, Miguel Arraes e outras.
Atuou como redator-chefe do Correio
da Manhã de 1954 a 1960, quando foi contratado pela Enciclopédia
Britânica para chefiar a equipe
que elaborou a primeira edição da Enciclopédia Barsa, publicada em 1963.1 Redator do Jornal do Brasil, cobriu, em 1968, a Guerra do Vietnã. Em 1974, dá aulas nas universidades de Cambridge, na Grã-Bretanha, e Columbia, nos Estados Unidos. Em 1975, quando trabalhava no Jornal do Brasil, deixa a rotina das
redações para dedicar-se profissionalmente à literatura.
Callado estreou na literatura em 1951, mas sua produção na década de 1950 consiste basicamente
em peças teatrais, todas encenadas com enorme sucesso de crítica e público. Mas
a mais bem sucedida foi Pedro
Mico, dirigida por Paulo Francis, com o arquiteto Oscar Niemeyer em inusitada incursão
pela cenografia, e Milton Moraes criando o
papel-título. Foi transformada em filme estrelado por Pelé.
A produção de romances toma impulso nas décadas de 1960 e 1970, período em que
surgem seus trabalhos mais importantes. Alinhado entre os intelectuais que se
opunham ao regime militar, tendo por isso sido
preso duas vezes, Calado revela em seus romances seu compromisso político,
principalmente naquele que muitos consideram o romance mais engajado daquelas
décadas, Quarup.
Callado escrevia à mão e mantinha uma rotina
de trabalho, com horário rígido para todas as atividades, que incluíam duas
caminhadas por dia. Mandou fazer uma mesinha portátil que o acompanhava pela
casa toda, permitindo-lhe escrever em qualquer lugar. Não discutia, nem
comentava seu trabalho com ninguém, até que estivesse finalizado.
Recebeu várias condecorações e prêmios, no
Brasil e no exterior. Morreu dois dias depois de completar 80 anos. De seu
casamento em 1943 com Jean Maxine
Watson,inglesa, funcionária da BBC, teve três filhos, entre eles a atriz Tessy Callado.
Em 1976, casou-se com Ana Arruda.
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Rubem Fonseca
Rubem
Fonseca nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1925. É filho de portugueses transmontanos,
emigrados para o Brasil. Reside desde a infância no Rio de Janeiro.1
Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em 31 de dezembro de 1952 iniciou
sua carreira na polícia, como comissário, no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Muitos dos fatos vividos naquela época e dos seus
companheiros de trabalho estão imortalizados em seus livros. Aluno brilhante
da Escola de Polícia, não demonstrava, então, pendores literários. Ficou pouco tempo nas
ruas. Foi, na maior parte do tempo em que trabalhou, até ser exonerado em 6 de fevereiro de 1958, um
policial de gabinete. Cuidava do serviço de relações públicas da polícia.
Na Escola
de Polícia destacou-se em Psicologia. Em julho de 1954 recebeu
uma licença para estudar e depois dar aulas desta disciplina na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Contemporâneos
de Rubem Fonseca dizem que, naquela época, os policiais eram mais juízes de
paz, apartadores de briga, do que autoridades. Rubem Fonseca via, debaixo das
definições legais, as tragédias humanas e conseguia resolvê-las. Nesse aspecto,
afirmam[quem?], ele era
admirável. Escolhido, com mais nove policiais cariocas, para se aperfeiçoar
nos Estados Unidos, entre setembro de 1953 e
março de 1954, aproveitou a oportunidade para estudar administração de empresas
na New York University. Após sair da polícia, Rubem
Fonseca trabalhou na Light até se dedicar integralmente à literatura.
Reconhecidamente
uma pessoa que, como Dalton Trevisan, adora o anonimato, é descrito por amigos como
pessoa simples, afável e de ótimo humor.
As obras
de Rubem Fonseca geralmente retratam, em estilo seco e direto, a luxúria e a violência urbana, em um mundo onde marginais,
assassinos, prostitutas, miseráveis e delegados se misturam. A história através
da ficção é também uma marca de Rubem Fonseca, como nos romances Agosto (seu livro mais famoso) em que retratou as
conspirações que resultaram no suicídio de Getúlio Vargas, e em O Selvagem da Ópera em que
retrata a vida de Carlos Gomes, ou ainda A Cavalaria
Vermelha, livro de Isaac Babel retratado em Vastas Emoções e
Pensamentos Imperfeitos.
Criou,
para protagonizar alguns de seus contos e romances, um personagem antológico: o
advogado Mandrake, mulherengo, cínico e imoral, além de profundo conhecedor do
submundo carioca. Mandrake foi transformado em série para a rede de
televisão HBO, com roteiros de José Henrique Fonseca, filho de Rubem, e o ator Marcos Palmeira no papel-título.
É viúvo de Théa Maud e tem três filhos: Maria
Beatriz, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca
Romances
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O Caso Morel (1973)
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A grande arte (1983)
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Bufo
& Spallanzani (1986)
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Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (1988)
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Agosto (1990)
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O Selvagem da Ópera (1994)
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E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu
charuto (1997)
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O Doente Molière (2000)
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Diário de um Fescenino (2003)
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Mandrake, a Bíblia e a Bengala (2005)
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O Seminarista (2009)
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José (2011)
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Autran Dourado
Em suas obras, focaliza a vida no interior de
Minas Gerais e utiliza amplamente expressões locais, mas explora não temáticas regionalistas, e sim os aspectos
psicológicos da vida humana: a morte, a solidão, a incompreensão do outro, a
loucura, o crime. Esses traços demonstram tanto a origem mineira do autor quanto
a influência de James Joyce,Stendhal e Goethe. Além disso, frequentemente revela-se também
influenciado pelo Barroco mineiro e espanhol,
usando uma linguagem obsessivamente trabalhada e trazendo personagens que são
arrastados por forças superiores rumo à destruição. O pensamento de filósofos
como Platão, Aristóteles, Nietzsche e Schopenhauer também se manifesta nas obras de
Autran Dourado. 3
Em entrevista, o autor certa vez declarou:
Meus personagens se parecem muito comigo. Eu
os conheço muito bem e sofro a angústia que eles sofrem. Não tenho nenhum
prazer em escrever. Depois de pronta a obra, aí me dá uma certa satisfação, mas
a mesma que dá quando se descarrega dos ombros um fardo pesado. [...] (Escrever
é) também uma fatalidade. Você é destinado à literatura, e não a literatura a
você. 5
O autor aponta Godofredo Rangel, que conheceu quando
tinha apenas 17 anos, como uma influência decisiva em sua carreira. Esse
escritor, após ler seu primeiro livro (de contos), aconselhou-o a não
publicá-lo e estudar um pouco mais os grandes mestres. Assim, Autran Dourado
estréia somente quatro anos depois, com uma nova obra: A
teia.2 3
Outras características notáveis do texto de
Dourado são o emprego da metalinguagem, da sutil repetição
das idéias e dos eventos importantes, da alternância de pessoa no discurso do
narrador, da busca pela palavra exata (le mot juste, como apregoava Gustave Flaubert), do emprego de
estruturas e conceitos herdados da Grécia clássica(Homero, Hesíodo, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes), da alternância de
tempos verbais num mesmo parágrafo, da preocupação com detalhes estruturais
como, por exemplo, o tamanho dos capítulos, e do uso de técnicas literárias
como o monólogo interior, o fluxo de consciência e a narrativa em blocos. Também empregava
costumeiramente técnicas gerais da literatura modernista, como os flashbacks e os flashforwards. 3
Segundo Autran Dourado, em Breve manual de estilo e romance, o escritor deve
trabalhar como um artesão, buscar a simplicidade de forma que a leitura seja
fácil e fluida, sem preocupar-se com a crítica ou com a vendagem de seus
livros, além de ler, pelo menos uma vez ao ano, algum dos clássicos de Machado
de Assis; antes de escrever alguma coisa, a leitura de um poema:
Ser simples é mais difícil das tarefas [...]
Não pense em venda, vender livros é função de editores e livreiros, não sua
[...] Todos os dias, antes de começar a escrever, lia um poema de qualquer
grande poeta da minha língua. Em geral Manuel Bandeira, Carlos Drummond de
Andrade, Mário de Andrade, Murilo Mendes e João Cabral de Melo Neto que são os
meus poetas preferidos.
Em O meu mestre imaginário e em Um artista aprendiz, destacam-se os ensinamentos de Flaubert: a
flexibilidade da regra gramatical, a importância de estruturar-se o romance
antes de começá-lo, e a necessidade de presença do autor, invisível como Deus,
na sua obra.
Romances
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Teia (1947)
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Sombra e Exílio (1950) - Prêmio Mário Sette
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Tempo de Amar (1952) - Prêmio Cidade de Belo Horizonte
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A Barca dos Homens (1961) - Prêmio Fernando Chinaglia
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Uma Vida em Segredo (1964)
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Ópera dos Mortos (1967) - listado na Coleção de Obras Representativas da
UNESCO
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O Risco do Bordado (1970) - Prêmio Pen-Club do Brasil
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Os Sinos da Agonia (1974) - Prêmio Paula Britto
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Novelário de Donga Novaes (1976)
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A Serviço del-Rei (1984)
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Lucas Procópio (1985)
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Um Cavalheiro de Antigamente (1992)
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Ópera dos Fantoches (1994)
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Confissões de Narciso (1997)
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Monte da Alegria (2003)
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Ignácio de Loyola Brandão
Ignácio de Loyola Lopes Brandão (Araraquara, 31 de julho de 1936) é um contista, romancista e jornalista brasileiro1 .
Filho de um ferroviário, seu primeiro trabalho
informal de jornalismo foi em uma crítica de cinema no jornal A Folha Ferroviária, em 19521 mas, desde pequeno,
Loyola sonhava conquistar o mundo com sua literatura; se não, pelo menos voltar
vitorioso para sua cidade natal. Sua carreira começou em 1966 com o lançamento de Depois do Solo, livro de contos
no qual o autor já se mostrava um observador curioso da vida na cidade grande,
bem como de seus personagens. Trabalhou como editor da Revista Planetaentre 1972 e 19762 .
Dono de um "realismo feroz",
segundo Antonio Candido, seu
romance Zero foi publicado inicialmente em tradução italiana. Quando saiu no Brasil,
em 1975, foi proibido pela censura, que só o liberou em 1979.1 .
Em 2005, virou cronista do jornal "O
Estado de São Paulo"1 e em 2008, o romance O Menino que Vendia Palavras,
publicado pela editora Objetiva, ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de
ficção do ano.3 1
Romances
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Bebel que a Cidade Comeu (1968)
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Zero (1975)
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Dentes ao Sol (1976)
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Não
Verás País Nenhum (1981)
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O Beijo Não Vem da Boca (1985)
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O Ganhador (1987)
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O Anjo do Adeus (1995)
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A Altura e a Largura do Nada (2006)

