segunda-feira, 6 de abril de 2015

LITERATURA: Vanguardas Europeias

VANGUARDAS EUROPEIAS

Vanguarda, no sentido literal da palavra, é o termo militar para uma seleta tropa de soldados que vai à frente de todas as demais, abrindo caminho. É por causa dessa desta tão importante função dentro do militarismo, que os movimentos que aconteceram nas primeiras décadas do século XX receberam o nome de ‘vanguardas artísticas’. A expressão surgiu em 1860 na França, onde como forma de protesto, alguns artistas considerados ‘não-acadêmicos’ criaram um evento paralelo ao Salon de Paris, o Salon desrefusés (Salão dos excluídos). A partir deste marco
,o termo estendeu-se também aos movimentos formados posteriormente na Europa e que representaram uma nova forma de arte, totalmente voltada para a individualidade do artista, sendo esta a expressão máxima de sua subjetividade. A experimentação estética também é uma característica muito forte dentro das vanguardas, que buscavam, acima de tudo, romper com costumes existentes na sociedade até aquele momento. Dentre os movimentos vanguardistas, destaca-se o futurismo, já que foi este movimento em especial que influenciou diretamenteo discurso modernista brasileiro.

Contexto histórico
O início do século XX foi marcado por uma reforma na sociedade como um todo. A Primeira Guerra Mundial destruiu a Europa e fez com que estecontinente, considerado o berço da civilização tivesse que repensar seu modo de viver.O velho continente, destroçado, não suportava mais o estilo de vida anterior. A escassez começou a participar da vida de todos e se fazia necessária uma reconstrução dos países que haviam vindo abaixo após os conflitos. Mais do que isso, a sociedade européia, que antes mesmo da Guerra já alimentava um espírito de renovação, agora percebia quão importante era essa mudança. Nesse sentido a Revolução industrial,já bem forte na Europa, tornou-se ainda mais significativa e relevante. Com as novas máquinas era mais fácil e rápido produzir em quantidade os produtos para suprir à grande população que perdeu tudo na Guerra, ainda sim adestruição foi tão grande que houve grande demora para que todos pudessem se  recompor. A Belle Epoque, que caiu junto com a Guerra já não fazia mais sentido den tro daquele cenário caótico, e as formas de arte que se apresentavam as sociavam a ela, da mesma maneira perderam o significado. O momento era de introspecção, de olhar para si, de recolher os próprios cacos. Outro marco importante, desta vez no campo tecnológico, é o advento da fotografia. Esta invenção causou um grande alvoroço, uma vez que sua forma de representar se aproximava muito mais do instante real e por sua vez da realidade que a pintura, forma mais comum de se fazê-lo até então.
Os pintores se sentiram ameaçados e pressionados a responder a pergunta: “o que difere a fotografia da pintura?”. Nesse momento foi que os valores do subjetivismo, que já vinha ganhando força desde o iluminismo, quando fora criado, passou a transbordar no cenário das artes. Além de assumir o espaço bidimensional da tela, nãomais se obrigando a retratar cenas realistas, posto que esta necessidade começasse a ser suprida pela fotografia, o olhar do artista passou a ser valorizado. A forma de entender o mundo de cada artista se traduzia em cores, formas, traços e temas que não precisavam ter nenhum compromisso com o real. A arte assumiu uma nova condição, onde o artista ganha o papel central. E com este papel, diante de todas circunstâncias e acontecimentos da Europa, ele começa a desenvolver um novo olhar sobre sociedade como um todo, os modos e as condiçõ
es de vida. As vanguardas européias surgiram e se fortaleceram
nesse ambiente, um tanto quanto caótico, e talvez por isso, sua característica mais forte e comum a todas seja a crítica e a negação veemente de tudo que se refira ao passado, consequentemente fazendo uma exaltação exacerbada de tudo que se apresentava como o novo.
O Brasil por sua vez, ainda vive fortemente sua condição de país colonizado. Completamente dependente dos países europeus, dos quais o modo de viver era exaltado e copiado pela elite do país. O governo do país, que ainda vivia o regime café-com-leite, era comandado pelo então presidente Pereira Passos, que tinha a Europa, sobretudo a França como inspiradora, chegando a transformar a cidade do Rio de Janeiro, na época capital da cidade, em uma réplica de Paris.
Considerando que toda transformação social se dá de forma lenta e gradual, e se até mesmo a sociedade europeia ainda não havia assimilado tantas
novidades que aconteciam em seu próprio território, aqui no Brasil ainda se vivia fortemente o art noveau, e as elites sonhavam com um estilo de vida que a essa altura já estava em decadência na no Velho Continente.
No Brasil, o governo do presidente Epitácio Pessoa começava a ser combatido pela própria elite cafeeira, posto que esse se recusasse a continuar apoiando os grandes fazendeiros, preferindo alimentar a indústria que começava a se formar no país. O número de revoltas que surgiram nessa época foi enorme e culminaria na revolução de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
E foi com essas grandes aspirações “afrancesadas” e que os grandes “coronéis do café”, mandavam seus filhos à Europa, esperando que retorn
assem mais “civilizados” com o requinte e a sofisticação que eram associados a tudo que vinha dos colonizadores. Mas suas expectativas em relação a essas viagens seriam frustradas pelas novidades europeias

Cubismo
 Historicamente, o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. Guernica, Pablo Picasso
Na literatura:
No que se refere ao campo das artes literárias, instaura-se uma fragmentação da realidade por meio da linguagem, retratada pelo uso de palavras onde as mesmas são dispostas de maneira simultânea no intento de formar uma imagem.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa
superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas.
Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentasse em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.
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Principais características:
• geometrização das formas e volumes;
• renúncia à perspectiva;
• o claro-escuro perde sua função;
• representação do volume colorido sobre superfícies planas;
• sensação de pintura escultórica;
• cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.

Principais artistas
• Pablo Picasso
• Georges Braque
• Tarsila do Amaral
• Rego Monteiro

Futurismo
O futurismo é um movimento artístico e literário surgido oficialmente em 20 de
fevereiro de 1909, com a publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. A obra rejeitava o moralismo e o passado. Apresentava um novo tipo de beleza, baseado na velocidade e na elevação da violência.O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era “Liberdade para as palavras”, e considerava o design tipográfico da época, especialmente em jornais e propaganda.
A diferença entre arte e design passa a ser abandonada e a propaganda é escolhida como forma de comunicação.
O novo é uma característica tão forte do movimento, que este chegou a defender a destruição de museus e de cidades antigas. Considerava a guerra como forma de
higienizar o mundo.
O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, influenciando vários artistas que posteriormente instituíram outros movimentos modernistas.
Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde vários artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o fascismo.
O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, mas seu espírito rumoroso e inquieto refletiu no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna
e no design gráfico pós-moderno.
A pintura futurista recebeu influência do cubismo e do abstracionismo, mas
Utilizava-se de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens com a pretensão de dar a ideia de dinamismo
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http://www.historiadaarte.com.br/linha/imagens/Futurismo/futautomovel.jpg
Na literatura
As principais manifestações ocorreram na poesia italiana, que se dedicava às causas políticas. A linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas para exprimir a ideia de velocidade. Abaixo, eis as que mais se destacaram.
• Destruição da sintaxe e a disposição das “palavras em liberdade”.
• Emprego de verbos no infinitivo, com vistas à substantivação da linguagem.
• Abolição dos adjetivos e advérbios.
• Uso do substantivo duplo, em lugar do substantivo acompanhado do adjetivo (praça-funil, mulher-golfo, por exemplo).
• Abolição da pontuação, que seria substituída por sinais da matemática (+, -, :, =).
• Destruição do eu psicologizante.

Expressionismo
A noção do expressionismo foi empregada pela primeira vez em 1911, na revista
Der Sturm('A tempestade'), marcando uma oposição clara ao impressionismo francês. A visão expressionista encontra suas fontes na defesa à expressão do irracional, dos impulsos e das paixões individuais. No expressionismo, não há uma preocupação em relação à objetividade da expressão, mas sim, com a exteriorização da reflexão individual e subjetiva dos artistas. Em outras palavras, não se pretende, simplesmente, absorver o mundoe reproduzi-lo, mas sim, recriá-lo. Entre suas características, podemos citar: o distanciamento da figuratividade, o uso de traços e cores fortes, a imitação das artes primitivas, etc.
Tal movimento desenvolveu-se grandemente na Alemanha, especificamente no
período após a Primeira Guerra Mundial, sendo um importante instrumento para a
realização de denúncias sociais, especialmente em um momento que, politicamente, os valores humanos eram o que menos importava. Na América Latina, o movimento manifestou-se como uma via de protesto político.
O expressionismo também foi marcante na literatura, cinema e teatro. No Brasil,
o movimento encontrou sua máxima representação através da pintura, especialmente por meio de artistas como Anita Malfatti, Lasar Segall e Osvaldo Goeldi
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http://www.estadao.com.br/fotos/aboba_anitamalfatti_div.JPG
Caracteristicas
• pesquisa no domínio psicológico;
• cores resplandescentes, vibrantes, fundidas ou s
eparadas;
• dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
• pasta grossa, martelada, áspera;
• técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem
, fazendo e refazendo,empastando ou provocando explosões;
• preferência pelo patético, trágico e sombrio

Dadaismo

O dadaísmo surgiu no ano de 1916, por iniciativa de um grupo de artistas que,
descrentes de uma sociedade que consideravam responsável pelos estragos da Primeira Guerra Mundial, decidiram romper deliberadamente com todos os valores e princípios estabelecidos por ela anteriormente, inclusive os artísticos. A própria palavra dadá não tem outro significado senão a própria falta de significado, sendo um exemplo da essência desse movimento iconoclasta.
O principal foco de difusão desta nova corrente artística foi o Café Voltaire,
fundado na cidade de Zurique pelo poeta Hugo Ball e ao qual se uniram os artistas
Hans Arp e Marcel Janco e o poeta romeno Tristan Tzara. Suas atuações provocativas e a publicação de inúmeros manifestos fizeram que o dadaísmo logo ficasse conhecido em toda a Europa, obtendo a adesão de artistas como Marcel Duchamp, ou Francis Picabia.Não se deve estranhar o fato de artistas plásticos e poetas trabalharem juntos -o dadaísmo propunha a atuação interdisciplinar como única maneira possível de renovar a linguagem criativa. Dessa forma, todos podiam ter vivência de vários campos ao mesmo tempo, trocando técnicas ou combinando-as. Nihilistas, irracionais e, às vezes,
subversivos, os dadaístas não romperam somente com as formas da arte, mas também com o conceito da própria arte.
Não são questionados apenas os princípios estéticos, como fizeram expressionistas ou cubistas, mas o próprio núcleo da questão artística.
Negando toda possibilidade de autoridade crítica ou acadêmica, consideram válida qualquer expressão humana, inclusive a involuntária, elevando-a à categoria de obra de arte.Efêmera, mas eficaz, a arte dadaísta preparou o terreno para movimentos vanguardistas tão importantes como o surrealismo e a arte pop, entre outros Não se deve estranhar o fato de artistas plásticos e poetas trabalharem juntos - o Dadaísmo propunha a atuação interdisciplinar como única maneira possível de renovar a linguagem criativa. Dessa forma, todos
podiam ter vivência de vários campos ao mesmo tempo, trocando técnicas ou combinando-as. Niilistas, irracionais e, às vezes, subversivos, osdadaístas não romperam somente com as formas da arte, mas também com o conceito da própria arte

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Surrealismo
O Surrealismo tem muitas semelhanças com o Dadaísmo. É do dadaísmo que algumas de suas características surgem: o amor ao protesto, a valorização do improviso e da espontaneidade no manejo da linguagem. A total liberdade individual dadaísta desaparece.
Os surrealistas exploraram as relações da linguagem e da arte com o
inconsciente, os sonhos e a técnica da escritura automática, que consiste em escrever sem pensar, sob o fluxo de um impulso de extrema espontaneidade e entrega interior ao processo da ligação entre linguagem e forças inconscientes.
Quanto ao sonho, os surrealistas têm uma dupla e simultânea tendência. O
interesse pelo tema deriva do fato de que valorizam Freud, vista como uma nova área de conhecimento humano, surgida no final do século XIX. Há também uma revalorização do romantismo. Com relação a Freud, Compagnon expõe “Freud se interessava pelo sonho e pela livre associação de maneira bem diferente da de Breton e a incompreensão mútua foi grande. Ela
se baseia no fato de os elementos do sonho não oferecem, para a psicanálise, interesse em si mesmos, mas em um contexto, que é constituído, ao mesmo tempo, pelas circunstâncias da vida e pelas associações que o paciente fará a respeito deles.O surrealismo, ao 794 contrário, corta, isola esses elementos do processo de sua produção e de sua interpretação, e os dá a ler ou a ver tais como se apresentam” (1996, p.73). Compagnon pelo que podemos perceber,não se posiciona a favor dessa vanguarda e diverge com ela em vários aspectos como os apresentados acima.Mas de maneira geral, o surrealismo foi visto como um meio de conhecimento, principalmente por Breton. Quiseram explorar o inconsciente, o sobrenatural, o sonho, a loucura, os estados alucinatórios. Enfim, tudo que fosse o reverso da lógica e estivesse fora do controle da consciência.


Em 1924, funda-se o grupo oficialmente e Breton publica o primeiro Manifesto em que expõe suas idéias. Segundo Compagnon (1996, p.72) no primeiro Manifesto em 1924, Breton colocava em julgamento o realismo e o positivismo na pintura e nas letras, ele não se contentava mais com o anarquismo, com a negação e a destruição: queria fundar uma nova estética. Ainda de acordo com Compagnon o surrealismo se apresentou como o dono da verdade estética. (1996, p.73).Mais tarde tiveram um órgão de divulgação: a revista A revolução surrealista.O período de reflexão (1925-1930) é o momentoem que o surrealismo se interessa por relacionar as pesquisas sobre o inconsciente com a adesão à revolução social. Alguns surrealistas se filiaram ao partido Comunista, inclusive Breton, que publica também duas obras fundamentais do Surrealismo: O tratado do estilo, de Aragon, e Nadja, de Breton.
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